Para além da grande evacuação que se processou por via da ponte aérea entre Luanda e Lisboa,
montada por Portugal com a ajuda de potências internacionais, foram
várias as saídas de brancos e não só, para fora de Angola, a partir de Moçâmedes, Porto-Alexandre e Sá-da-Bandeira, nesses meses que mediaram entre Junho a
Novembro de 1975, e se prolongaram mesmo até aos primeiros meses da
independência de Angola, precipitadamente
preparada, e inadiadamente marcada para 11 de Novembro de 1975. Uns partiram em traineiras com destino Luanda e daí para a Metrópole, outros, partiram em traineiras através de Porto Alexandre, Baía dos Tigres, até Walvis Bay (Namíbia), para em seguida rumarem na direcção do Rio de Janeiro e finalmente a
Portugal (durante nove meses). Outros ainda, partiram em caravanas de automóveis, atravessaram o deserto do Namibe até à foz do
Cunene, atravessaram o rio em jangadas construidas para o efeito, e prosseguiram para Walvis Bay através da perigosa Costa dos Esqueletos, uma das zonas mais inóspitas
do globo, tendo-se
perdido vários carros e embarcações no decurso dessas viagens.
A população de Moçâmedes, cidade litorânea do sul de Angola, até Junho de 1975 viveu em completa calmaria, mas viu a situação mudar e deteriorar-se a partir daí, com o agravamento da situação em Luanda, em consequência da expulsão pelo MPLA da UNITA e da FNLA, e o alastramento dos confrontos a todas as cidades de Angola. Foi então e só a partir de então, que o pânico começou a apoderar-se das pessoas, pois excepto uns poucos, mais temerosos de suas vidas e mais preocupados em acautelar seus bens, a maioria da população branca ia se deixando estar, embora se mantivesse expectante e receosa ante o desenrolar dos acontecimentos.
Através dos videos acima, Rogério Amorim conta-nos como se processou a fuga a partir de Moçâmedes, Porto Alexandre e Sá da Bandeira, de um grupo de familias em pânico, incluindo a sua, que resolveram partir rumo a
Walys Bay (Namibia), através da foz do Rio Cunene e da já referida Costa dos Esqueletos. Fizeram-no, integrando uma
caravana constituida por 61 veículos automóveis de todo o tipo, carregados com bagagens que não eram mais
que o pouco que puderam juntar, tendo que atravessar a fronteira numa jangada feita propositadamente para tal fim, e prosseguir a marcha durante 16 dias sempre junto ao mar, entre o deserto e o mar, aproveitando-se da maré vazia e da areia molhada.
Do livro de Rogério Amorim "Costa dos
Esqueletos" seguem algumas
fotos desta fuga, e da travessia do rio Cunene através de Jangada:
Ver também: FUGA DA CIDADE DO NAMIBE NO SILVER SKY: 10.01.1976
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