CUMPRIU-SE O MAR E O IMPÉRIO SE DESFEZ... A História magoa. A independência das colónias forçou meio milhão de portugueses a tomarem parte numa ponte aérea que os desembarcou em Lisboa trazendo a amargura na bagagem e tendo de se adaptar a uma terra que, em muitos casos, não conheciam. Este blog fala de retornados, espoliados, de gente que perdeu as suas casas e os seus bens, e que, sem receber quaisquer indemnizações do Estado português, continuam nos seus sonhos a revisitar África.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Estudo Sociográfico sobre os "Retornados" do Ultrama: "Retornados" identidades de um grupo in-conformado
Relatório de Investigação em Sociologia da Cultura FEUC, Setembro de 1996
Universidade de Coimbra
Por Claudia Sofia Pinto e Susana Faria
Breve introdução histórica
Ainda que o governo de Marcelo Caetano fosse uma garantia à salvaguarda do status dos colonos, os portugueses de Angola e Moçambique não se encontravam satisfeitos com ele. Tal devia-se fundamentalmente às contradições de interesses econômicos entre Portugal e as colônias e que se centravam nas restrições impostas ao nível do comércio funcionando como fieio à indústria das colônias.
inicialmente, o 25 de Abril de 74 trazia promessas de democracia e liberdade que iam ao encontro dos sentimentos separatistas em relação à metrópole. Contudo, os colonos insurgirarn-se contra o rumo dos acontecimentos quando o Governo de Angola foi entregue à maioria africana. De facto, as alternativas de
uma federação entre Portugal e as colônias, bem como a de uma transição lenta e gradual para a liberdade não resistiram à pressão do MPLA, FNLA e FRELIMO. Começa então a avolumar-se entre a comunidade dos colonos urn sentimento antiportuguês, especialmente visível entre os jovens, que assume a forma de aversão para com todo um povo, o quai acusam de os ter abandonado à sua sorte. Para com o Governo, a antipatia remonta às suas intromissões na vida da colônia. Relativamente aos militares, são acusados de ter pouco interesse em acabar com a guerra colonial dados os privilégios que esta lhes proporcionava. O 25 de Abril de 74 e o consequente programa de descolonização sô vêm aumentar esta
aversão. Por fim, o colono português descobre um sentimento entre a gente portuguesa que lhe é pouco favorável e que resulta da imagem do colono como um :milionário ou explorador de negros indefesos, não olhando com muita simpatia o seu irmão que regressa do além-mar. De facto, embora alguns tenham feito escala em África de Sul ou na Rodésia, a Metrópole foi o destino da grande maioria dos colonos, com excepção de uma pequena minoria de técnicos qualificados que ali se radicou, beneficiando de excelentes condições de emprego. O Brasil foi também um grande acolhedor de portugueses refugiados do ultramar o que e em grande medida explicado pelos laços de sangue e cultura que uniam os dois países.
TEXTO INTEGRAL AQUI
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário