A integração dos “retornados” no interior de Portugal: o caso do distrito da Guarda
OLIVEIRA, Nelson Clemente Santos Dias
Mestre em Sociologia
ESE Instituto Politécnico da Guarda
nelsonoliveira@ipg.pt
Resumo
Em 1975, com o epílogo do Império Colonial, chegaram a Portugal cerca de meio milhão de indivíduos
que ficaram conhecidos como “retornados” do ultramar. O posterior processo de integração que se pode contextualizar em fenómenos populacionais semelhantes, decorrentes das descolonizações
protagonizadas pelas outras potências coloniais europeias, no nosso país, teve a particularidade de ter sido ultrapassado com maior rapidez. Uma das explicações para a agilidade com que estes indivíduos foram assimilados pelo tecido socioeconómico reside, precisamente, na distribuição deste numeroso contingente de pessoas por todo o território nacional. Justificação que, à primeira vista, parece paradoxal. Isto porque as regiões do interior do país, neste período, acumulavam factores repulsivos. Assumindo que para o interior terão rumado, essencialmente, aqueles que aí tinham raízes, neste trabalho pretende-se reflectir as incidências do processo de integração destas pessoas no distrito da Guarda, partindo da justificação e sentido que (três décadas depois) deram às suas acções.
Para lêr o TEXTO INTEGRAL, clicar AQUI
CUMPRIU-SE O MAR E O IMPÉRIO SE DESFEZ... A História magoa. A independência das colónias forçou meio milhão de portugueses a tomarem parte numa ponte aérea que os desembarcou em Lisboa trazendo a amargura na bagagem e tendo de se adaptar a uma terra que, em muitos casos, não conheciam. Este blog fala de retornados, espoliados, de gente que perdeu as suas casas e os seus bens, e que, sem receber quaisquer indemnizações do Estado português, continuam nos seus sonhos a revisitar África.
domingo, 15 de abril de 2012
A integração dos “retornados” no interior de Portugal: o caso do distrito da Guarda
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2 comentários:
Há muitas verdades mas tambem muitas mentiras sobre a reintegração dos retornados.
Nunca se contabilizou a quantidade de retornados que foram para a França, Brasil, Austrália, nem daqueles que ficaram na África do Sul e na Rodésia.
Tirando os funcionários públicos e pessoas mais idosas, a maioria tentou os primeiros anos naquelas paragens.
Isto amorteceu totalmente o que poderia ser um choque.
Ainda continua muita gente por lá, alguns definitivamente e outros vieram passados alguns anos.
Ainda há retornados com "vergonha" que os vizinhos saibam que são essa "coisa horrorosa"!
Concordo plenamente, pois já aqui neste blog fiz idêntica observação. Na ex-Metrópole fala-se muito em cima do joelho sobre o assunto. Há a tendência para generalizar e criar "chavões" para aliviar o efeito dramático da situação e sobretuso para aliviar consciências. Na verdade nunca se contabilizou o número de retornados que se ausentaram para o estrangeiro ou que nunca chegaram a regressar a Portugal. Na verdade nunca se fizeram referências aos de mais de 50 anos que viram suas vidas paralizadas, e que, uns morreram de desgosto nos anos seguintes, outros vegetaram até morrer humilhados e à míngua do Estado, em lares, alguns deles sem condições.
O que resta então dessa integração exemplar para além da integração dos funcionários públicos e bancários, esses sim foram integrados ainda que tivessem o que o tivessem sido pela base para que funcionários da Metrópole, para aliviar anti-corpos pudessem em simultâneo subir para as vagas criadas com os alargamentos dos quadros que só a eles competiriam, chegando a haver funcionários contemplados com ascencionais subidas de 3º oficial a Chefes Secção. O que resta? Resta um punhado de pessoas activas e dotadas de iniciativa que não tendo lugar no funcionalismo nem na Banca recorreram aos parcos apoios e se lançaram de conta própria, algums com grande êxito. Mas não tantos como se apregoa! Os casos de sucesso dizem simplesmente respeito às excepções. Demagogia e nada mais!
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