quarta-feira, 13 de julho de 2011

QUISSANGE, SAUDADE BRANCA, (Poesia de Neves e Sousa, 1976)

                                           

                                                 Angola ... algures em 1975

                          Lisboa, cais de Alcântara, 1975                               

Aquela melopeia triste de quissange
na noite negra angolana e doce
parou numa nota repentina.

Não sei se parou a mão que tange
sei que parou e fosse como fosse
parou numa nota repentina.

Ficou-me a angústia de um sonho inacabado
há muito, muito tempo na memória.
Hoje a história traz-me o mesmo sentimento,
melodia interrompida de repente…

Mas foi um toque desafinado de clarim
que veio anunciar o fim.

O pendão cansado de tantas batalhas
murchou como um trapo desbotado
e com ele se fizeram as mortalhas
dos sonhos frustres que tínhamos sonhado

(Poesia de Neves e Sousa, 1976)

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