“O que é importante é a história. Porque quando todos nós formos pó,- dentes e pedaços de pele- quando estivermos a dançar com os nossos próprios esqueletos- as nossas palavras poderão ser tudo o que restará de nós.” Alexandra Fuller em Scribbling the Cat-Travels with an african soldier.London 2005 Picador. (edição em inglês)
De Luiz Chinguar
Em um ensaio anterior estabelecemos a diferença entre colonialismo e colonização. E exumámos os esqueletos do colonialismo. Agora vamos analisar os esqueletos da colonização: não estão em armários, como os do colonialismo, mas espalham-se por toda a Angola, sob o olhar desconsolado dos angolanos que sonharam sempre com uma melhoria que, infelizmente, tarda em aparecer.
Por que perdeu Angola, em três dezenas de anos, todo um património em que se empenharam milhares de pessoas?
Ressalvando alguns aspectos negativos dos colonos, abordados em anteriores artigo(Os ossos do colonialismo) (A utopia de um novo Brasil em África), a colonização dos portugueses foi positiva, decorridos mais de 30 anos sobre o seu fim, com a poeira histórica já muito assente. Sobre os colonos, em uma manobra hábil da descolonização feita pelos militares portugueses , foram descarregados todos os anátemas do colonialismo. Mas este foi idealizado, normatizado e dirigido, sempre, sem um minuto de descanso, por Lisboa. Para os colonos foi descarregado o fardo desse colonialismo oco e antiquado, totalmente gizado e dirigido por Lisboa, embora eles não saiam isentos de culpa, por terem mantido uma passividade colaborante e de se terem aproveitado de leis injustas, especialmente as referentes ao trabalho compelido. Infelizmente o hábito de injustiças acaba por legitimizá-las, mas só para os que delas usufruem. Os colonos construíam, os oligarcas obstruíam, estes mentiam, aqueles acreditavam.
Continua....
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