quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A vida em Angola contada pela minha avó







Os meus tios e outras crianças de Angola.






Generosa Valente da Silva Almeida, a minha avó materna, nasceu, em 1941, em Vila Nova de Gaia. A minha avó foi para Angola, em 1960, com 19 anos de idade, onde conheceu o meu avô Manuel Almeida. Constituíram família e desta união nasceram três filhos, um deles é a minha mãe. A minha avó conta-nos que a vida em Angola era vivida com muitas dificuldades, mas em paz. Os meus avós viviam no interior de Angola, porque o meu avô era maquinista dos caminhos-de-ferro. Por vezes, os comboios paravam por falta de trabalho e o meu avô ficava muito tempo sem trabalhar. A minha avó era doméstica tratava da casa e dos filhos. Apesar de terem pouco dinheiro, davam sempre o melhor que podiam aos seus filhos.

O meu avô, com a farda de maquinista dos caminhos-de-ferro.


Quando se declarou a independência em Angola, a minha mãe era muito pequena. A minha avó veio para Portugal com os filhos, mas o meu avô ficou lá mais 9 meses, debaixo de guerra. Quando o meu avô voltou para perto da família, ninguém pensava que fosse mesmo verdade. Em Portugal, os retornados viviam com muita dificuldade, eram discriminados. O meu avô começou a trabalhar nas fazendas, muitas vezes queriam dar de comer aos seus filhos e não tinham, foi uma batalha muito dura, que todos tiveram de vencer. Quando os meus tios e a minha mãe eram um pouco mais velhos, entre os 12 e 14 anos de idade, tiveram que ir trabalhar para a vindima, para a apanha da azeitona e para o lagar.Ainda hoje a minha avó conta que, passados tantos anos, as pessoas que vieram de Angola para Portugal ainda são olhadas de lado pelas pessoas que naquela altura tinham algumas posses.Os meus avós já cá estão há 34 anos. Se o meu avô fosse vivo, fazia 80 anos, no 25 de Abril.
A minha avó e os meus tios, quando chegaram a Portugal

Mariana Pirona

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