domingo, 2 de janeiro de 2011

OS ANOS DOURADOS DOS PORTUGUESES EM AFRICA: O QUE FAZ CORRER A JORNALISTA RITA GARCIA?





"MEMÓRIAS COMO ERA O DIA-A-DIA DOS  PORTUGUESES"
"A VIDA EM ÁFRICA...ERA ASSIM"

A propósito dum artigo e da capa, assim intitulado,na  Revista "SÁBADO",nº 339,de 28/10 a 3 de Novembro de 2010, diremos o  seguinte :

1) - Assim como a maioria dos meus familiares e dos milhares de  conhecidos, colegas e amigos, nascemos em ANGOLA,onde antes de 11/11/1975  (antes da revolução), éramos "TODOS PORTUGUESES" (além de  verdadeiros "ANGOLANOS", fruto de algumas gerações de três Continentes  (EUROPA - AMÉRICA DO SUL(BRASIL) -- ÁFRICA).

2) - Muitos outros milhares de residentes então em ANGOLA (não me  vou referir aos outros territórios ex-ultramarinos,onde nunca  vivi), eram PORTUGUESES CONTINENTAIS, que, em pouco tempo,se tornavam como  verdadeiros Angolanos !

3) - Não eram,então, também "PORTUGUESES" apenas os "BRANCOS" nascidos em ANGOLA !

4) - Não sei, não faço ideia,onde nasceu ou viveu a jornalista  RITA GARCIA,  autora do artigo (reportagem/Destaque)acima referido. Até  gostava de saber...

5) - Como "ANGOLANO / PORTUGUÊS",descendente de algumas gerações  nascidas e vividas em ANGOLA, assim como muitos dos meus diversos  familiares,dos amigos e dos conhecidos,NÃO DEVO, NEM POSSO, deixar de  manifestar a minha parcial discordância com o conteúdo e espírito do  mencionado artigo (reportagem, que nem sabemos como foi efectuada !).

6)  ANGOLA,embora com uma faixa marítima bastante extensa,  apenas tinha (e tem ainda) poucas cidades e poucas vilas ou povoações  importantes junto desta. Assim,alguns milhões dos seus habitantes  naturais,algumas centenas de milhares dos "PORTUGUESES" até então ali  residentes,viviam no seu imenso interior(várias vezes superior ao  território português na Europa),instalados até a muitos quilómetros da  costa marítima. Residiam e viviam no "SERTÃO",no "MATO". Muitos deles  permaneceram anos a fio sem ...irem à cidade"...! Estavam mesmo muito  longe das praias ! Praias,só conheciam as dos rios e tinham jacarés !...  Nem andavam ..."em caçadas de elefantes e leões"...! Tudo isso era  então muito bem controlado e vigiado por fiscais próprios e pelas leis  em vigor. A sua conservação era respeitada. Não eram então dizimados por  armas de guerras ("coloniais ou civis"),ou de ricos turistas de  ocasião,como aconteceu depois de 1974/75 !

7) - Poucos locais "adequados" existiam e nem todos os  PORTUGUESES andavam em paródias ou noitadas de fins-de-semana  em..."clubes exclusivos e festas na praia"...! Era uma população  trabalhadora (não havia desempregados permanentes,nem subsidiados  profissionais). Também essas leis eram respeitadas.

8 ) - Quanto ...às "boas casas, com espaço, jardim e criados para  os servir"...nem só alguns dos ditos PORTUGUESES (ULTRAMARINOS) eram  seus exclusivos possuidores ou utilizadores legais. Isso era  comum, necessário, conveniente até para os próprios trabalhadores.
Esses PORTUGUESES não tinham, na sua grande maioria, automóveis de  luxo, nem motoristas privativos...como alguns dos grandes senhores e os  "Continentais" (cá por estas bandas)!

9) - Tudo isso também já se verificava no CONTINENTE e com  proventos bastante semelhantes ! Muitos anos antes,as construções (as  residências) dos PORTUGUESES em ANGOLA tinham,obrigatoriamente, uns  anexos com quarto(s) e sanitários para o(s) criado(s),mesmo dentro das  cidades ! As tais..."boas casas com espaço,jardim (até com piscina  privativa) também se encontram hoje em muitas zonas deste "pobre"  país,pertencentes aos Continentais,(I) Emigrantes ou não,bastante  valiosas e, em muitas delas,se realizam as tais ..."FESTAS"... e nem  precisam de outras praias em fins-de-semana (em especial nos prolongados  por modernas "pontes horárias",ou até mesmo sem serem de "surpresa",dos  amigos (de ocasião ou à espreita de certas oportunidades ou favores,nem  que sejam "inimigos disfarçados de outras mais adequadas cores"...e  numa mais do que conivente ..."ERA DOURADA" !

10) - Por lá, ANGOLA desses tempos "dourados",muito boa gente, já  com certa idade,nunca tinha visto uma "PRAIA",tal a imensidão do  território.E muito menos tinha  sido beneficiado com..."um pires de  marisco (de camarão ou outro) à borla,nem mesmo duma cerveja fresca em  zonas em que ainda nem havia electricidade, nem "geleiras" domésticas !  Normalmente nem eram pires de "camarões" à borla mas sim, de tremoços ou  ginguba. Pelo contrário,viviam quase isolados,carentes,passando  privações,sem qualquer "assistência social". Eram terras de trabalho  duro e de boas produções e não de "farras",regabofes, festivais,etc.  Eram trabalhadores sérios,honestos,patrióticos, que acabaram sendo  traídos e nunca recompensados !

11) - ANGOLA, na sua maior parte, a grande ANGOLA,era a "ÁFRICA  MISTERIOSA", a verdadeira ÁFRICA,não só de "Elefantes e Leões",que nos  velhos tempos desciam aos povoados, ás cidades (até à LAGOA DE KINAXIXE,  então nos arredores de LUANDA).sendo conveniente caçá-los.

12 ) - Os outros "caçadores",amigos ou familiares dos "VINHAS",  dos "MELOS" e doutros ilustres "continentais",eram abastados  turistas,fazendo esquecer os esfarrapados "pumbeiros" do sertão ou os  caçadores furtivos de marfim,associados aos grandes chefes locais !

13) - O imenso título "MOÇAMBIQUE" aplicado por cima duma enorme  foto de alguns veraneantes na ILHA DE LUANDA (pág. 48 da citada  Revista),está mesmo... "a matar" ! Diremos então que... ANTES NÃO ERA  ASSIM"...!

14) - CONCLUINDO : - RITA GARCIA,... "A VIDA EM ÁFRICA...(NÃO)  ERA ASSIM"...como descreve ! Seja humilde,peça desculpas aos muitos  milhares de PORTUGUESES ULTRAMARINOS que ofendeu !... 

By Roberto Correia
blogue http://angola-brasil.blogspot.com

5 comentários:

Bruno Braz disse...

Boa tarde,

Gostaria de contactar o(s) autor(es) deste blogue para uma reportagem.

Agradecia que pudessemos trocar contactos através deste email.
brunobraz@sic.pt

Melhores cumprimentos,
Bruno Braz
SIC

PS - Peço-lhe para que elimine esta mensagem após a ler.

Unknown disse...

Boa noite,

gostava de entrar em contacto consigo a propósito deste post.
Posso pedir-lhe que entre em contacto comigo para ritagarcia@sabado.cofina.pt

Cumprimentos,

Rita Garcia

Unknown disse...

Boa noite,

gostava de entrar em contacto consigo a propósito deste post.
Posso pedir-lhe que entre em contacto comigo para ritagarcia@sabado.cofina.pt

Cumprimentos,

Rita Garcia

cabindês disse...

Não tive a oportunidade de ler a reportagem da jornalista Rita Garcia, Todavia, na minha qualidade de angolano, nascido em CABINDA, em 1935, descendente de um colono que ali se radicou no início do século XX, corroboro tudo o que foi contrariado e desmentido pela dita reportagem. Não vou entrar em pormenores por falta de espaço, mas posso testemunhar que a vida do colono e seus descendentes era de trabalho e não de festas. Estas eram exclusivo de uma elite minoritária que eu classifico de COLONIALISTAS, que nada tem a ver com COLONOS.A verdade sobre a colonização feita pelos colonos e descendentes ainda está para ser escrita, sem ficção e romanceada como esta nova geração de pseudo-escritores se especializou a escrever. Presto aqui homenagem à população angolana, grande obreira da Nação em que estão incluídas todas as raças e credos e na qual me incluo com muita honra. Bem hajam.

Anónimo disse...

Só vou acrescentar mais isto: os portugueses e os angolanos brancos eram maioritariamente gente boa,pobre e remediada que vivia e trabalhava em Angola, e que jamais pegaria em armas contra o povo africano com quais se habituaram a viver, lado ao logo, e a trabalhar. Se não se fez mais pelos africanos foi porque os colonialistas sediados na Metrópole e noestrangeiro não deixaram, e criaram através de leis abstrusas e condições prepositadas para cindir os dois povos e para melhor reinar. E quando chegou a hora da legítima revolta, negou a autonomia e mandou da Metrópole os filhos do povo morrer em Angola. E quando chegou 1974, 1975, fizeram de nós os "bodes expiatórios" da colonização. Sim porque os colonialistas nada perderam, deles ninguém fala, e já estão de volta. Seria necessário que o povo angolano fosse capaz de fazer essa distinção. Acredito que sim!