Tenho lido com alguma frequencia que Angola era uma terra cheia de oportunidades, o que realmente é verdade, não deixa contudo de ser puro engano dizer-se que bastava alguém ser bom trabalhador para enriquecer.
Li recentemente um livro cujo autor diz ter vivido alguns anos em Angola e espanta-me que também ele ajude a passar esta idéia enganadora. Embora seja um romance e por isso à partida classificado de pura ficção, não deixa contudo de cair neste erro. Lê-se ali que um casal chegado a Luanda, em pouco tempo já tinha negócios espalhados por toda a cidade e logo a seguir pelas principais cidades de Angola, isto sem falar da compra de uma "casa" na Vila Alice.
Não espantava se esse casal fosse endinheirado e procurasse Angola para investir, o que não é o caso. Por vezes parece que existem duas Angolas diferentes, aquela que eu e a maioria conhecemos e uma outra, onde se chegava e se encontrava prontamente uma "àrvore das patacas" e se enriquecia duma hora para a outra. Eu nasci em Angola e embora houvesse diferenças de classes como na maioria dos países, a verdade é que era necessário muito trabalho para se viver com algum desafogo e a maioria pode atestar que também não dava para se fazerem muitas "avarias".
Assim, das duas uma, ou eu e muitos outros fomos pouco inteligentes e nunca soubemos ver os "grandes negócios", ou simplesmente nunca encontramos a tal " árvore das paracas".
É bom que se diga a verdade, era uma linda terra, um povo hospitaleiro e humilde, mas quem começasse do nada como o meu pai e muitos outros que ali chegaram na década de 50, mesmo com muito trabalho, nunca chegaram a ter essa tal vida faustosa que se encontram ilustradas nalguns romances.
Lá como cá, se houvesse respeito pelo "próximo", creio que as oportunidades eram iguais!Fracra Rone in Cubatangola
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