O Programa do Movimento das Forças Armadas contemplava uma solução pacífica  para o problema ultramarino e para a guerra colonial, reconhecendo o direito à  autodeterminação dos povos. Deste modo, das primeiras medidas adoptadas pelos  Governos Provisórios encontram-se as que dizem respeito ao fim das hostilidades  e à abertura de um processo negocial que conduziria as Províncias Ultramarinas à  independência.
     Se, enquanto Spínola se manteve à frente da Junta de Salvação Nacional, os  progressos não foram evidentes, com excepção da Guiné-Bissau, cuja  independência, oficializada no Acordo de Argel de 26 de Agosto, Portugal  reconhece em 10 de Setembro de 1974,os governos liderados por Vasco Gonçalves  aceleraram o processo de independência e descolonização.
     Relativamente a Angola, o processo negocial decorre com os três movimentos de  libertação que eram reconhecidos: MPLA; UNITA e FNLA. Entre 10 e 28 de Janeiro  de 1975 realizou-se a Cimeira do Alvor, tendo sido estabelecida a  independência do território para o dia 11 de Novembro do mesmo ano.
 Cimeira do Alvor
 Independência  de Moçambique
    Relativamente ao processo moçambicano, Portugal acordou com a FRELIMO, no  Acordo de Lusaca, a independência para o dia 25 de Junho de 1975.
     O apressado processo de descolonização, motivado, em primeiro lugar, pelas  tremendas lutas política em Portugal mas, concretamente no caso de Angola, pelo  início da guerra civil entre os três movimentos de libertação, levou ao êxodo de  cerca de 350 mil portugueses, a maioria tendo como destino Portugal.
     De um momento para o outro, espoliados de terras que consideravam suas e de um  território que entendiam também como seu, com a sensação de terem sido  abandonados pelo governo português, cerca de 150 mil portugueses chegam a  Lisboa, a bordo de aviões da TAP ou fretados a outras companhias, levando ao  caos. Contudo, com relativa facilidade, estes retornados integrarão a sociedade  portuguesa. 
     Os primeiros tempos foram, todavia, bastante difíceis, visto que muitos  retornados tiveram de sair apressadamente de Angola, sem qualquer tipo de bens,  exigindo do Estado português a protecção que este não podia dar.
 Retornados no Aeroporto de Lisboa
     A independência de Angola e Moçambique alterou profundamente o equilíbrio  político da África Austral.
     Por um lado, deixou mais isolados os aliados tradicionais de Portugal na zona, a Rodésia e a África do Sul, países com regimes que consagravam a  segregação racial. As lutas pela obtenção de direitos para as maiorias  negras intensificam-se. Ian Smith, na Rodésia, é obrigado a ceder: em 1980,  realizam-se eleições livres, que dão uma vitória esmagadora à maioria negra e a  Robert Mugabe, que muda o nome do país para Zimbabué.
     Na África do Sul, há confrontos cada vez mais violentos com os partidários  negros do fim do apartheid, ficando o país isolado na comunidade internacional
     Por outro lado, as guerras civis que tiveram início em Angola e Moçambique,  patrocinadas pelas próprias superpotências, trouxeram uma instabilidade muito  grande à região.
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