CUMPRIU-SE O MAR E O IMPÉRIO SE DESFEZ... A História magoa. A independência das colónias forçou meio milhão de portugueses a tomarem parte numa ponte aérea que os desembarcou em Lisboa trazendo a amargura na bagagem e tendo de se adaptar a uma terra que, em muitos casos, não conheciam. Este blog fala de retornados, espoliados, de gente que perdeu as suas casas e os seus bens, e que, sem receber quaisquer indemnizações do Estado português, continuam nos seus sonhos a revisitar África.
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1 comentário:
UMA TRAGÉDIA EVITÁVEL.
Tal como duas décadas antes os poderes da República não quiseram ou não souberam ver a questão da independência de Angola pela óptica do bom senso, deitando mão da inteligência, aceitando-a de forma gradual, estabelecendo um período de transição tão longo quanto o necessário ao consequente e cabal desempenho dos governantes autóctones, também os novos poderes saídos do 25 de Abril não foram capazes de cumprir o que diziam defender.
Não seria nenhuma incongruência, depois de 13 anos de contínuo conflito armado (...), a permanência, enquanto fosse necessário, das forças portuguesas naquela nova República, em missão pacífica, obviamente, para garantir que os processos de descolonização respeitassem os princípios consignados no Acordo de Alvor. Era, aliás, o dever dos poderes portugueses para com as populações europeias e africanas naquele território.
A nossa saída de lá poderia ter sido bem airosa, se resolvida no tempo certo (...) Tão airosa que talvez nem saída chegasse a ser, se se tivesse convertido em honrosa e responsável colaboração com a Nova Soberania. Hipótese à partida fora de questão, tal era a falta de visão nacional sobre problemas de tão delicada natureza. Mas se essa falta de visão prevalecera, a nossa vinda de lá, enquanto potência colonizadora, poderia ter sido, pelo menos, satisfatória, no tempo em que de facto aconteceu, tivessem querido os responsáveis do Portugal do "25 de Abril", se soubessem honrar a sua Pátria. Mas nem airosa, antes, nem satisfatória depois. Apenas um vergonhoso abandono.
(...)
Do livro DE QUIBALA A MALELE NO DECORRER DE UMA GUERRA, de Sérgio O. Sá
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